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Metodologia do ONS prevê uso de até 17,7 GW médios térmicos este ano para garantir metas

A Nota Técnica 21/2021 do ONS, de fevereiro deste ano, que explica a metodologia usada para propor ao Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) a construção da Curva Referencial de Armazenamento (CRef) para o despacho de usinas termelétricas fora da ordem de mérito em 2021, indica que no comportamento mais desfavorável da CRef de nível dos reservatórios poderiam ser despachados até 17.684 MW médios, o que corresponde à totalidade do parque termelétrico brasileiro.

A nota explica que as Curvas de Referência propostas, e adotadas pelo CMSE, cujo objetivo é assegurar que os reservatórios das hidrelétricas cheguem ao final do período seco de 2022 (a meta é bianual) com níveis mínimos de 20% no Sudeste/Centro-Oeste (SE/CO), 30% no Sul, 23,5% no Nordeste e 20,8% no Norte, decorre da necessidade cada vez maior de se fazer “o monitoramento contínuo das condições hidroenergéticas de curto prazo” como medida fundamental para reduzir “os riscos da necessidade de um eventual gerenciamento da carga”, leia-se, racionamento.

Com 23 páginas de fundamentações técnicas, gráficos demonstrativos e conclusões, o documento explica que essa necessidade de monitoramento, que já vem sendo adotado em diferentes modelos desde o racionamento de 2001, decorre do fato de que o Sistema Interligado Nacional (SIN) vem perdendo sua “inércia hidroenergética”, definida como a velocidade com que um sistema de reservatórios é deplecionado após o final da estação chuvosa para atender ao mercado de energia com geração hidráulica, economizando a geração térmica complementar.

Essa perda de inércia decorre, segundo o ONS, de dois fatores: a redução gradativa do “grau de regularização” (decorrente de sucessivos períodos chuvosos desfavoráveis), e da incorporação de usinas térmicas com custos unitários elevados.

Como o modelo de despacho é baseado na modicidade tarifária, o acionamento dessas termelétricas mais caras é postergado, tendo como consequência o elevado uso dos reservatórios das hidrelétricas durante os períodos secos que, por sua vez, são cada vez menos recompostos nos períodos úmidos.

As sucessivas simulações computacionais, utilizando o modelo Decomp, feitas pelo ONS levaram à elaboração de três curvas referenciais, tendo por base o subsistema SE/CO, para o despacho das térmicas no horizonte de janeiro de 2021 a novembro de 2022, uma verde, uma amarela e outra vermelha.

Para 2021, a curva verde, que prevê para maio deste ano, início do período seco, os reservatórios do SE/CO em 53,8% do volume útil, considera o despacho pleno de todas as térmicas do SIN com custo variável unitário (CVU) de R$ 268,00/ MWh, o que equivale ao CVU da usina Termorio, ficando fora dessa conta as térmicas a GNL com despacho antecipado. O despacho térmico corresponderia a 11.135 MW médios.

Na curva amarela, na qual os reservatórios do SE/CO chegam a maio com 43,8% de volume útil, o preço-teto para despacho das termelétricas seria de R$ 612/MWh, referenciado pela Termomacaé, caracterizada no Programa Mensal de Operação Eletroenergética (PMO) de janeiro deste ano como a térmica a gás de disponibilidade não nula mais cara.

Com o parâmetro de preço mais elevado, foi considerado que as térmicas com despacho antecipado já teriam sido despachadas, chegando-se a um número de 15.052 MW médios.

E na curva vermelha, na qual os reservatórios do SE/CO aparecem com 39% do volume útil em maio, o modelo considerou o despacho da totalidade das UTEs existentes no SIN, correspondendo a 17.682 MW médios. No gráfico representando as três curvas, o despacho médio das térmicas em 2021 ficou em 8 mil MW médios.

Nesta quarta-feira, dia 10, a geração térmica convencional foi de 9.301 MW médios, equivalente a 12,79% da carga.

Nas simulações sucessivas, que partem do último para o primeiro mês, o modelo mostrou os reservatórios do SE/CO em novembro deste ano com 21,6% de volume útil. Na nota, o ONS recomenda a revisão das curvas de referência a cada quadrimestre.

Fonte: Energia Hoje